IPCA-15 avança 1,23% em fevereiro, abaixo das projeções do mercado...
IPCA-15 avança 1,23% em fevereiro, abaixo das projeções do mercado...
Marcelo Pereira,
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), amplamente reconhecido como a prévia oficial da inflação brasileira, registrou elevação de 1,23% em fevereiro, conforme dados divulgados nesta semana. O resultado revelou-se inferior às estimativas do mercado, que previam um aumento de 1,36% no período. No acumulado de 12 meses, a inflação acelerou de 4,5% em janeiro para 4,96%.
O principal fator que impulsionou essa aceleração foi a alta nas tarifas de energia elétrica, que avançaram 16,33% em fevereiro.” Esse movimento já era esperado, pois em janeiro as contas de luz haviam apresentado redução em virtude do Bônus de Itaipu, que proporcionou descontos temporários nas contas de energia elétrica.
Principais vetores do IPCA-15 : energia elétrica e alimentos
Embora o índice tenha ficado aquém das projeções, os principais responsáveis pelo aumento foram os custos da energia elétrica e dos alimentos. A reversão do efeito benéfico do Bônus Tarifário de Itaipu, aliada à persistente elevação nos preços de itens alimentícios, resultou em pressão inflacionária significativa durante o mês.
Cenário econômico desafiador: política monetária deve permanecer restritiva
Apesar de o resultado ter frustrado as expectativas mais pessimistas, o cenário inflacionário no Brasil permanece complexo, devido principalmente ao aumento dos gastos fiscais do Governo Federal, guerra tarifária impulsionada pelo governo dos EUA, além das guerras da Ucrânia e Gaza.
Ainda assim, a leve melhora deste indicador não deve ser suficiente para flexibilizar a política monetária do Banco Central para controle da inflação, pois diante das contínuas pressões inflacionárias, especialmente no setor de serviços e alimentos, é provável que o Banco Central mantenha sua abordagem cautelosa, podendo adotar medidas adicionais para assegurar a estabilidade dos preços para os próximos meses.
Perspectivas para os próximos meses
O avanço do IPCA-15 em fevereiro sugere que os próximos meses serão determinantes para a condução da política econômica nacional. Espera-se que o Banco Central mantenha a vigilância sobre os indicadores, tendo a difícil missão de buscar equilibrar o controle inflacionário com a preservação do crescimento econômico.
Nesse contexto, o mercado financeiro deverá manter-se vigilante quanto: às próximas deliberações do Banco Central, ao ambiente doméstico, particularmente no que tange à política fiscal do Governo Federal e ao cenário internacional.
Contudo, a atenção deve recair, principalmente, sobre o panorama internacional, em virtude da intensificação das pressões inflacionárias globais, da escalada das disputas tarifárias entre EUA, Europa e China, e ao excesso de liquidez (dinheiro) na economia norte-americana.
Vale ressaltar que, esse excesso de moeda na economia americana tem impulsionado os seus indicadores inflacionários, que exigirá alguma ação do FED (Banco Central Americano) para os próximos meses.
Adicionalmente, esse excedente monetário tem impulsionado a valorização das ações nas bolsas americanas, levando-as a máximas históricas que, provavelmente, poderão enfrentar uma forte correção de preços em algum momento, impactando a economia dos demais países.